terça-feira, 24 de maio de 2016

PERDERAM O MORTO



O jumento puxa a carroça . . .
o cortejo sobe a ladeira
os lutários oram e choram
bem atrás o casal de adolescente se amassa . . .
o padre orquestra, o coro responde . . .
as crianças jogam uma bola
o bixo inquieto se ajeita, se posiciona, defeca...
os crentes entranham as sandálias no bolo . . .
a pelota repica aleatória . . .
o ancioso enche a mão e leva um tapão,pift!
o ministro soa, se enerva . . .
o sol escalda, queima.
Os vira latas latem,coçam as sarnas . . .
tudo é normal,é do animal
a bexiga emborralha as veste do reverendo . . .

sussurros,oh!oh! ooohhh!! ooohhh!!uuihh!!. . .

o safado se aproveita e rouba um beijo e outros tapas! paft e paft, da sogra. . . .
o sacerdote irado grita, o que é que vim fazer neste fim de munndo!!
Prende o pé no balão de couro
que esbarra no queixo do jegue. . .
O carro fúnebre empina. . .
O esquife escorrega ladrilho abaixo
Os parentes partem a atrás. . .
A meninada desdentada ri . . .riih!rihh!!ririririhh!!
Os cachorros também correm...
O espinhento acompanha agarrado
Levando bofetes da broxura. . .
O caixão despenca na ponte. . .
No rio se direciona para cachoeira. . .
Os cães lambem-se.
O puxador da mortuária está desidratado. . .
O tarado está com o rosto todo vermelho. . .
Os entes da margem observam
A cascata engolir o féretro . . .

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