sexta-feira, 28 de agosto de 2009

SALADA DOS BIXOS

Fui visitar um sítio pertencente a srª "Gacavaleitoa",aparentando ter acima de oitenta anos, viúva,germânica,adorava a vida, flores, plantas, animais, a natureza de uma forma geral.Usava chapéu de palha com abas largas, um lenço sobre a cabeça amarrado junto ao queixo, gordinha,usava vestido xadrez, com comprimento até as canelas.A tudo agradecia a Deus. Cheguei na época que as fêmeas das mais variadas espécies tinham procriado.Os animaiszinhos se locomoviam rápido fazendo enorme bagunça, cãeszinhos entravam no chiqueiro misturando-se com os filhotes da leitoa,eram puro lodo, fediiidos,tentavam mamar,as porcas não se importavam eram mansas.Para nossa surprêsa lá vinham os gatinhos persas curiosos atrás de seus amiguinhos,tanto barro e nós não sabíamos quem era quem tamanha desordem,bastava um grito diferente,um relincho, um mugido, saiam todos assustados correndo para a grama onde os filhotes de coelhos zombeteavam, os invasores mordiscavam as cenouras, carregavam sapatos, sacolas plásticas, chinelos, tudo espalhavam.Quando a fome chegava corriam para suas progenitoras, enchiam a "pança" e dormiam na posição que estavam, por vezes com o bico das tetas na boca, um sono profundo, angelical.Meia hora depois corriam na margem da lagoa onde os patinhos nadavam em filas seguindo suas mães, flutuavam, ensaiavam seus primeiros gritos:" Quaac! Qrruaac! Qrrac!"claro que o timbre era engasgado, rouco, falho, ainda eram bêbes. No mesmo instante os pequenos felinos os observavam na orla miando, por vezes adentrando e se molhando, repentinamente sumiam, um silêncio total . . . , ouvia-se apenas o tilintar das folhas sêcas que caiam com a brisa que soprava naquele início de verão. Os pássaros cantavam descompassados, pareciam gritar de sede.Indaguei a idosa sobre o repentino desaparecimento dos filhotes, pegou-me na mão e fomos até o depósito de cereais e lá estavam, todos misturados nos sacos furados de trigo, os coelhos tentavam se esconder mas suas orelhas os traiam, os patinhos não voavam, não sei como estavam sobre as sacas, quando nos viam ficavam apreensivos, o medo era visível nos seus olhinhos, sabiam que fizeram arte, entretanto a caridosa mulher agachava-se e os acaricíava com gestos e palavras, era o sinal do perdão, então a festa recomeçava, os porquinhos correm atrás dos coelhos, os caes furam os pacotes de milhos, minhas calças estão apinhados com os gatinhos que cravam as unhas e se prendem, os pintinhos chegam para participar da farra, nos retiramos. Isto foi como se dona "Gaca" dissesse: chega! vamos embora!" a turma vinha atrás.
Fiquei por três dias naquele paraíso, descansei me divertindo com a bicharada, aprendi sobre plantas, ervas, árvores, peixes, cultivo de hortaliças e cereais.Conheci uma diversidade de pássaros, outros animais como gansos, o famoso tô fraco, tartarugas, pombas,cavalos, tirei leite de vaca, tosquiei ovelha e tomei muito leite de cabra.

O ônibus businava junto a porteira era a hora da despedida, agradeci a hospedagem e todos estavam na volta para dar adeus, entrei no coletivo, pareciam tristes, em seguida iniciaram retorno, atrás dos largos quadris de "Gacavaleitoa", um exemplo de caridade, de amor e respeito pela natureza.

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