sábado, 27 de dezembro de 2008

Mãos calejadas, pele torrada
Lá vai o Zé com sua enxada
Revirar o torrão, que não lhe rendeu
Nos últimos anos nem um tostão
Costelas de fora
Meio quilo de farinha na barriga
Sente que seus dias estão contados
Mas não perde a esperança de chuva
De ver seus campos esverdeados
Até a lagarta emigrou
Nem ele sabe porque ficou
Quando tinha forças muito orou
Continua esperando quem sabe um milagre
Aqui onde cinco filhos enterrou
Qualquer hora no meio do deserto tomba
Servirá de comida para as aves que ali ronda
E tudo estará acabado, nunca será lembrado
Pois seu pai não tinha lhe registrado.
escrito em 1995.

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